As amantes de um canalha
Made in São Vicente and Ilha Porchat. Com a característica de produto alienígena em sua própria terra, assim poderia ser apresentada mais esta produção de Tony Vieira. Estranho como produto da terra, ele não é na verdade tão estranho assim. Seus padrões estão rigidamente concentrados no filme policial americano e seus sucedâneos europeus. Assimilando este know-how, o cinema nacional não está pagando royalties em forma de dividendos. A evasão de divisas fica por conta de sua descaracterização, desfiguração e perda de identidade.
Se, como dizia Paulo Emilio Salles Gomes, "o mínimo denominador comum de nossa originalidade é a incompetência criativa em copiar", pode-se afirmar que Tony Vieira é - neste mister - um diretor razoavelmente competente, pois sua cópia é literal. Mesmo as chanchadas de outra época procuravam estabelecer um elemento local de consumo fácil que tornassem mais familiar o pastiche. Os personagens do filme de Tony Vieira são de figurinha, seus gangsters de fancaria e as mulheres que os rodeiam parecem saídas do teatro rebolado ou dos inferninhos da noite. Enfim, não se pode esperar nada de um pornopolicial que se diz brasileiro e cujas atrizes principais se chamam Claudette Jaubert e Caroline Lindsay. (SAS)
Publicada no jornal O GLOBO em 30 de novembro de 1977
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